3 anos. 3 anos intensos. Cheios de dias maus, houve muitos, houve dias que quis sair da porta para fora e não ver ninguém, dias em que me tranquei e chorei compulsivamente. Houve dias que o desespero falou mais alto e aí pensava que não ia conseguir estar estes 3 anos em casa, sozinha. Dias que pareciam não ter fim. Mas, como de esperar e quase clichê, os bons apagam tudo, sim apagam mesmo, os sorrisos, as gargalhadas, os dias que pareciam correr tal e qual como os planeei, os dias em que tudo fluia e comemorava-mos com as danças improvisadas, os dias em que saímos as 3 só para ir ver os patos ao fundo da rua, o levantar sem despertador durante 3 anos, o acordar com mau humor e logo a seguir atenuava com as canções que se inventavam ao abrir a pestana. A ronhice no sofá a ver o Ruca ou a Mascha, por horas a fio. Foram 3 anos intensos. Com rotinas e com quebra delas. Foram os melhores 3 anos que algum dia eu poderia viver. Não trocava uma birra que fosse por este silêncio que estou a ouvir agora (terça, 5).

Chegou a hora de sairem um pouco de ao pé de mim. Aqui na Alemanha eles acham que as crianças só precisam de viver socialmente aos 3 anos de idade, e é aqui que eles vão para o infantário, e hoje pela primeira vez deixei-as. E foi horrível. Houve 3 dias de adaptação, estive sempre presente e correram bem, mas só porque eu estava ali sob o olhar inquietante delas. Hoje, eu sabia que o dia de hoje ia chegar, só não sabia que ia ficar em estado de choque. Não foi fácil para as 3, e nada se compara ao aperto que se tem quando é hora de dizer o "xau" e a vontade, é de os abraçar e arrancar dali com eles.
Foram 5 minutos no carro, a soluçar. Foi ver a estrada fusca até casa, foi abrir a porta de casa e ouvir este enternecedor silêncio. Eu não tinha brinquedos para arrumar. Eu não tinha que me preocupar com chocolate no sofá. Não tive que estar a dizer "NÃO" mil vezes por minuto. Eu não tinha as minhas pequenas em casa comigo. E só me deu para escrever, para ver se as horas passavam ou se o telefone tocava. 

Não me venham agora dizer que lhes vai fazer bem e blá blá, eu sei, eu juro que sei tudo isso...mas também sei o que foram 3 anos nossos. E agora vai ser assim; entrega-las a pessoas que eu nunca vi na vida e que nem sequer falam a nossa língua. Não estava preparada para isto.

Aqui em casa, o trabalho vai ser árduo, vai ser incutir-lhes esta nova fase, vai ser fazer com que seja algo bom, para mim e para elas e nas nossas horas, compensa-las, de mimo, muito mimo...

E agora por fim ,ao reler o que escrevi deparei que afinal não foi bem as - primeiras impressões delas na escolinha, foi mais as minhas. Porque as delas, fica para o próximo. Estou a gostar de ver e a guardar as reacções para vos contar tudooooo!! stay tuned

MM.

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